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Porto Alegre e a Destruição Ambiental: O Caso da Floresta do Sabará

Nos últimos tempos, Porto Alegre tem se tornado um palco de contrastes visíveis entre a natureza e os interesses de grandes corporações. O estado do Rio Grande do Sul, assim como a capital gaúcha, tem experimentado os impactos das mudanças climáticas de forma brutal. Em maio de 2024, a cidade foi atingida pela maior enchente de sua história, uma catástrofe que deixou milhares de pessoas desabrigadas e causou perdas irreparáveis. Contudo, em meio a esse cenário de sofrimento e destruição, as grandes empresas continuam sua trajetória de exploração e lucro sem se preocupar com as consequências de seus atos.


Um exemplo claro dessa indiferença é o Grupo Zaffari, dono de uma das maiores redes de supermercados da cidade e que, apesar de se apresentar com campanhas publicitárias emocionantes de fim de ano, com grandes orçamentos de mídia, tem contribuído ativamente para a destruição do patrimônio ambiental de Porto Alegre. A empresa está envolvida em um megaprojeto imobiliário que ameaça acabar com uma das últimas florestas remanescentes da cidade, a Floresta do Sabará.




A importância dessa floresta vai além da sua biodiversidade. A vegetação nativa tem um papel essencial no combate ao calor extremo, um dos efeitos diretos das mudanças climáticas, e ajuda na absorção da água da chuva, o que poderia ter contribuído para atenuar os impactos das enchentes que devastaram a cidade. No entanto, desde março de 2024, a região está sendo destruída para dar lugar a um empreendimento imobiliário das Companhias Melnick e Zaffari, que prevê a construção de condomínios e espaços comerciais.


A Destruição da Floresta em Nome do Lucro


O que deveria ser um espaço de preservação e de respeito ao meio ambiente se tornou, para essas corporações, mais um local de expansão e lucro. A destruição da Floresta do Sabará faz parte de um padrão crescente em Porto Alegre, onde empreendimentos imobiliários são realizados sem a devida consulta à população local, sem análises adequadas dos impactos ambientais e sem qualquer consideração pelos riscos que esses projetos trazem à qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade.


Enquanto o Grupo Zaffari e Melnick investem em seus projetos de lucro, milhares de moradores da região leste de Porto Alegre são deixados à mercê dos efeitos de tais empreendimentos. O desaparecimento de áreas verdes e de áreas de proteção ambiental representa não apenas a perda de biodiversidade, mas também a intensificação de problemas como o aquecimento urbano, a falta de absorção de água da chuva e a degradação da qualidade de vida.


O Impacto nas Mudanças Climáticas


A Floresta do Sabará é um exemplo claro de como as grandes corporações ignoram os impactos das mudanças climáticas, que já são visíveis na vida cotidiana da população de Porto Alegre. O aquecimento global e a intensificação das chuvas, como demonstrado pela enchente de maio de 2024, são consequências diretas da degradação ambiental promovida por atividades como a destruição de florestas e a ocupação indiscriminada de áreas verdes.


Preservar espaços como a Floresta do Sabará é fundamental para garantir que a cidade se adapte às mudanças climáticas e proteja a qualidade de vida de seus habitantes. No entanto, a resistência das empresas e da classe política em reconhecer a importância ambiental desses locais resulta em mais devastação e mais riscos para a população.


A Luta pela Floresta do Sabará


Organizações de defesa do meio ambiente, como a SOS Floresta do Sabará, têm se mobilizado para denunciar a destruição dessa área vital para a cidade. Através de suas redes sociais, essas organizações têm feito um trabalho essencial de conscientização, alertando para os perigos que o empreendimento imobiliário representa, não apenas para o meio ambiente, mas para as comunidades que dependem desses espaços naturais para o equilíbrio ecológico e para a qualidade de vida.


A luta pela preservação da Floresta do Sabará é, portanto, uma luta contra a ganância empresarial e contra um modelo de desenvolvimento urbano que ignora a sustentabilidade e as necessidades das pessoas. A mobilização e a pressão da sociedade civil são fundamentais para reverter o processo de destruição e garantir que Porto Alegre continue a ser uma cidade com áreas verdes, biodiversidade e um ambiente saudável para seus habitantes.


O caso da Floresta do Sabará é um alerta para todos nós. A cidade de Porto Alegre e o estado do Rio Grande do Sul enfrentam, mais do que nunca, os efeitos das mudanças climáticas. A perda de áreas naturais, como a Floresta do Sabará, não pode ser ignorada, pois ela representa uma ameaça à qualidade de vida de todos. É necessário repensar o modelo de desenvolvimento urbano e exigir que as grandes corporações, como o Grupo Zaffari, assumam sua responsabilidade na preservação ambiental. A luta pela Floresta do Sabará é também uma luta pelo futuro da cidade e pelo bem-estar de suas comunidades. É hora de agir e de proteger o que resta da nossa natureza.


Por Susiani Silva Guisolfi, jornalista e associada da Agapan

© 2021 por Agapan

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