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O biguá e o caçador

Dr. Alfredo Gui Ferreira

Na pequena maloca, à beira do rio, de madeiras velhas e trapos, duas crianças pequenas, esquálidas, uma mãe prenhe e a fome. O pai, também maltrapilho, aventurou-se pela borda, entre juncos, armado de um pau, na caça de um biguá que, ali eram comuns. Era o caçador faminto a busca de saciar a fome sua e da família.


No outro lado da cidade, no bairro de classe A, na avenida, um restaurante de petiscos exóticos. O prato de hoje: arrumadinho de biguá. Afinal, esta ave era comum em algumas proximidades da urbe. Pagava dez reais por ave e servia seus fregueses com a iguaria, denominada de “Pato da Índia”. Cem reais a porção do quitute raro. Um biguá dava, depois de preparado, 5 a 6 porções, ou seja, gastava na compra dez reais e recebia ao final quinhentos a seiscentos reais. Um bom negócio. Claro, pagava as instalações, empregados, mas o lucro era substancial.


Nas duas situações, há morte de ave caçada em seu ambiente natural. Para saciar a fome de uma família paupérrima ou para agrado de uma clientela abonada.


Você decide, como ambientalista, se há justeza nesta ação ou isto foi sempre assim, deixa pra lá!


Não deixe não! Venha lutar com a gente. Agapan, a vida sempre em primeiro lugar.


Afinal, o poeta Paulinho Pires já disse:


“Não deixem morrer meu rio,


Me ajudem por por favor,


O biguá que mergulhava já morreu,


E o aguapé não dá mais flor”


Dr. Alfredo Gui Ferreira

Professor aposentado da Ufrgs

Associado fundador da Agapan

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