Data será celebrada no dia 27 de abril com o lançamento de um vídeo institucional que resgata a história da entidade pela voz de seus associados.
No dia 27 de abril, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), primeira organização ambientalista brasileira e uma das pioneiras no mundo, completa 50 anos de luta em defesa das pautas ambientais e da geração de novos valores de desenvolvimento humano.
A passagem da data será marcada pelo lançamento de um vídeo comemorativo. O evento virtual ocorre às 19h da próxima terça-feira, mesmo dia do aniversário, e será transmitido pelo canal da associação no YouTube - https://youtu.be/lGxOsaXzeVs
Impedidos de fazer uma celebração de forma presencial por conta da pandemia, um grupo de associados e voluntários, juntamente com a atual diretoria, se organizou, resgatou os momentos mais marcantes de atuação, elaborou um roteiro, contatou apoiadores e cada um, a próprio punho, gravou trechos dessa história e depoimentos para compor o material, que registra importantes passagens ao longo deste meio século de trajetória.
“Estamos vivendo os piores retrocessos ambientais em 50 anos de história. Mas, para ter força para brigar, é preciso saber festejar”, comenta o presidente da Agapan, Francisco Milanez.
Membro da entidade desde os 14 anos, ele destaca: “Em 1971 não se sabia o que era Ecologia, até então uma ciência praticamente desconhecida. Colocamos esse tema em pauta e tivemos grandes conquistas”.
A partir do lema da Agapan, “A vida sempre em primeiro lugar”, Milanez indica o pensamento que norteia muitos dos passos e ações da entidade: “A vida humana é uma das tantas manifestações da teia interdependente da existência, teia essa que deve ser protegida e respeitada”.
No dia do aniversário também será lançado o novo site da associação. Além disso, o terreno da Agapan, localizado na esquina das avenidas Aureliano de Figueiredo Pinto e Praia de Belas, espaço cedido pela prefeitura, ganha neste final de semana grafite do artista visual Amaro Abreu. Em junho, completam dez anos desde a demolição criminosa do galpão que abrigava a sede da entidade, no mesmo local.
No dia 29 de abril, a Agapan receberá a Medalha da 55ª Legislatura da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em evento também virtual devido às restrições impostas pelo necessário distanciamento social decorrente da Covid-19.
Atuação além das fronteiras gaúchas
Criada em 27 de abril de 1971, em Porto Alegre (RS), a Agapan teve entre suas primeiras causas a luta contra os agrotóxicos, a destruição causada pela mineração, a poluição industrial gerada pela celulose e a poda indiscriminada de árvores na Capital gaúcha.
Teve como sócios-fundadores Augusto Carneiro, Hilda Zimmermann, Alfredo Gui Ferreira e José Lutzenberger – este último seu primeiro presidente –, entre outros visionários ambientalistas.
Por conta de sua atuação, possível graças ao trabalho de seus sócios, sempre 100% voluntário, o discurso ecologista passou a pautar, pela primeira vez no Brasil, a possibilidade de comprometimento da vida e da biosfera, como consequência de decisões políticas e do modelo econômico.
Quatro anos após sua fundação, a associação ganhou repercussão nacional e internacional pela atitude do então estudante de engenharia elétrica e membro da Agapan Carlos Dayrell. Na manhã de 25 de fevereiro de 1975, ele subiu em uma tipuana que seria abatida na Avenida João Pessoa, em frente à Faculdade de Direito, para a construção de um viaduto, impedindo assim seu corte. À tarde, Teresa Jardim, acadêmica de Biblioteconomia, e Marcos Saraçol, aluno de Matemática, também subiram na árvore. As motosserras silenciaram, e essa e outras tipuanas estão até hoje no local. Foi um marco do movimento ambientalista e que sacudiu a opinião pública mundial.
Já em 17 de agosto de 1988, a Usina do Gasômetro foi palco de uma inédita manifestação que queria chamar a atenção para a votação do Projeto Praia do Guaíba, que ocorreria naquele dia na Câmara de Vereadores. Gert Schinke, Guilherme Dorneles, Gerson Buss e Sidnei Sommer, militantes da Agapan à época, escalaram a chaminé e em seu topo colocaram uma faixa de protesto ao projeto, levando ao centro da agenda política a ocupação da orla do Rio Guaíba, objeto de permanente polêmica.
A entidade sempre se manifestou publicamente nos momentos críticos da conjuntura de crise ecológica e civilizatória em que vivemos. Como exemplo, em 1976 publicou o livro “Fim do Futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro (1976), primeiro e principal pronunciamento do Movimento Ecológico Brasileiro, escrito por Lutzenberger.
Entre as inúmeras vitórias da Agapan ao longo dos anos, estiveram a criação da primeira Secretaria de Meio Ambiente do Brasil, em Porto Alegre, abrindo caminho para outras secretarias ambientais do país e do próprio Ministério do Meio Ambiente. A participação em diversos fóruns, como nos encontros preparatórios à Rio 92, tem sido uma constante.
A Lei Estadual nº 7.747/1982, que dispõe sobre o controle de agrotóxicos e outros biocidas, anterior à legislação brasileira e exemplo para outras federações, foi construída com o imprescindível apoio da Agapan.
A participação também foi ativa na proposição e criação do Parque Nacional dos Aparados da Serra, do Delta do Jacuí, do Taim, do Turvo, de Itapuã, de Itapeva, do Espenilho, do Morro do Osso e da Reserva Ecológica Municipal José Lutzenberger, hoje Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger, bem como do Parque Nacional Fernando de Noronha, com a posterior criação do primeiro Plano de Manejo de parque do Brasil.
Foi responsável pela divulgação mundial das questões relacionadas à destruição da Amazônia, na mesma década inicial de sua jornada. Também influenciou a decisão do Brasil de abandonar a fabricação da bomba atômica, na assinatura do Tratado da Antártida e na Convenção das Baleias e na demarcação de áreas indígenas como a dos Yanomamis.
Participa ainda do Conselho Estadual de Saúde desde a sua criação, do Conselho Municipal de Saúde e do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre, do Fórum Brasileiro de Combate aos Agrotóxicos, do Comitê de Combate à Megamineração no Rio Grande do Sul, entre outros.
A organização defende a importância da educação ambiental desde o início da vida escolar, não como disciplina específica, mas repassada de forma transversal, ou seja, a partir do paradigma da integralidade da vida e das relações entre as espécies.
A riqueza da associação é a sua massa crítica, as pessoas que a integram. São respeitados doutores, mestres, professores, produtores agroecologistas, estudantes, jornalistas, uma infinidade de profissionais que fazem a diferença nas posições que ocupam. As vitórias obtidas em cinco décadas não teriam acontecido sem a participação inteligente, criativa e generosa da sociedade civil organizada e dos mais de mil militantes que fazem parte da história da Agapan.
SERVIÇO
O que: LIVE AGAPAN VIVE | 50 ANOS | Meio século de atuação permanente na defesa do ambiente natural
Quando: 27 de abril, terça-feira
Horário: 19h
Onde: Canal da Agapan no YouTube – https://youtu.be/lGxOsaXzeVs
Comunicação Agapan
Anahi Fros | Jornalista
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