Por Celso Copstein Waldemar*
Estamos no meio de uma grande tragédia social provocada pelas maiores inundações da história do Estado.
E vivenciando um novo normal climático, agora em tempo real. As mudanças do clima foram muito mais rápidas do que se imaginava.
O ano de 2023 foi o mais quente desde 125.000 anos atrás ou seja antes da migração dos humanos atuais da África para os demais continentes! Cada um dos últimos nove anos foi mais quente do que todos os registros conhecidos até agora!
E não está acontecendo apenas no Rio Grande do Sul. Só em 2024 cheias catastróficas também aconteceram em outros 11 países: Alemanha, Inglaterra, Rússia, China, Cazaquistão, Afeganistão, Dubai, Quênia, Tanzânia, Estados Unidos, e Austrália
Vamos ser bem claros sobre isso... vai ficar pior.
Pois o planeta está ficando mais quente. E pela primeira vez, o aumento da temperatura global ultrapassou 1,5°C acima da temperatura média mundial pré-revolução industrial, ao longo de um ano inteiro.
Devemos reduzir, em todos os países, a emissão de gases de efeito estufa pela metade, até 2030, segundo o acordo de Paris na COP 21 e zerá-la até 2050.
Poderemos enfrentar situações irreversíveis e o colapso parcial das nossas sociedades se continuarmos a médio prazo acima dos 1,5 ºC; patamar seguro apontado pela ciência por milhares de cientistas do IPCC-Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU.
Pode parecer pouco, mas lembre-se, que cada metro quadrado da superfície do planeta, em média, subiu este valor. A mesma situação acontece com o ser humano: de sua temperatura média de 36,5 ºC uma subida de 1,5ºC irá caracterizar um estado febril de 38ºC.
A continuar assim, nesse desatino, estaremos no caminho certo para passar de 2,0 ºC ou até 2,5 ºC em questão de algumas décadas.
Como manter a nossa agricultura com todas essas enchentes e secas frequentes?
Mas ainda há esperança!
O que precisamos é mudar a matriz energética e o manejo da natureza. Reduzir substancialmente a queima dos combustíveis fósseis. Os transportes terrestres, marítimos e aéreos devem se abastecer de energia elétrica, álcool e demais biocombustíveis. Devemos aumentar ainda mais rapidamente o uso da energia solar, dos ventos e das usinas hidroelétricas. E reduzir drasticamente o desmatamento de florestas e campos nativos em todos os biomas, pois eles sequestram porções significativas do CO2 do ar e apostar numa agricultura regenerativa.
A atual e as futuras gerações herdarão este legado perigoso. Vamos pisar no freio! Temos pouco tempo para virar o jogo e evitar danos maiores. E agir, indivíduos, sociedade civil e principalmente os governos.
*Celso Copstein Waldemar é engenheiro agrônomo e botânico da Prefeitura de Porto Alegre, aposentado. Ex-vice-presidente da Agapan.
Artigo de opinião publicado originalmente no site GZH.
*Artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião da entidade.
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